(…) conservando ao longo dos séculos
a sorte da estação invernal, na qual reduzes as noites,
levadas antes à duração máxima, e fazes nascer o ano,
chamando-lhe novamente os luminosos dias. [i]
Poeticon Astronomicon, de Manílio.
CAPRICORNUS
Para o leste de Sagitário, encontramos nosso Capricórnio, chamado Capricorn pelos anglófonos, Capricorne pelos franceses, Capricorno pelos italianos e Steinbock pelos Alemães, — Cabra Montanhesa ou Íbex; — tal como os antigos anglo-saxões, que o denominavam Bucca e Buccan Horn.
Capricórnio no Prodomus Astronomiae, de Hevelius |
O tradicional nome latino comum encontrava variação no Caper de Ausônio, Flexus Caper (Bode Torcido) de Manílio, Hircus Corniger (Bode Cornígero) de Virgílio, Hircinus Sidus (Astro Hircino) de Prudêncio, Capra e Aequoris Hircus, a Cabra Marinha; enquanto o “Capra illa Amalthea” de Minsheu indica que ela era identificada por alguns com a cabra usualmente atribuída ao Cocheiro. Tudo isso, sem dúvida, vêm de lendas orientais, talvez muito antigas, que fizeram de Capricórnio a ama do jovem deus-sol que muito antecedeu a história do bebê Júpiter e Amalteia. Os poetas latinos também a designavam como Neptuni Proles, a Prole de Netuno; Pelagi Procella, a Tempestade do Oceano; Imbrifer, o Imbrífero, isto é, que traz chuva; Signum Hiemale (Signo Invernal) e Gelidus (Gélido), por corresponder então ao Solstício de Inverno, sendo o equivalente grego Ἀθαλπής, o qual Riccioli repetiu como Athalpis.
Capricórnio, no Urania's Mirror de Sidney Hall |
Arato chamou-a Ἀιγοκέρως, a Cabra Cornuda, para distingui-la da Ἄιξ do Cocheiro, tal como o fez Ptolomeu, mas os escritores jônicos tinham Ἀιγοκέρευς; e esta palavra, latinizada como Aegoceros, era de uso frequente em todos os autores clássicos que escreviam sobre astronomia. O Almagesto Árabo-Latino de 1515 transformou-a em Alcaucurus, explicada por habens cornua hirci (cabra que possui chifres); e Bayer mencionou Alcantarus. Eratóstenes a conhecia como Πάν e Ἀιγί-Πᾶν, o Pã de Pés de Cabra, meio tornado peixe, segundo Smyth, ao mergulhar no Nilo em pânico ante a aproximação do monstro Tifão. História parecida é contada sobre Baco, tal que também ele era sempre associado com as estrelas desta constelação.
Capricórnio, no Hyginus de 1488 |
Na Pérsia ela era Bushgali, Bahi ou Vahik, e Goi; no idioma pálavi, Nahi; na Turquia, Ughlak; na Síria, Gadjo; e na Arábia, al-Jadī, errônea e usualmente transcrito no Ocidente como Giedi; todos com o significado de Cabra, ou, neste último país, de Badan ou Íbex, conhecido pelos zoólogos como Capra beden. A denominação Tower of Gad (Torre de Gad) usada por Burritt, que à primeira vista presumivelmente teria origem hebraica, parece ser mais uma tradução imprecisa [1] do Árabe, e de forma alguma relacionada com a tribo judaica.[ii] Riccioli tinha Elgedi, Elgeudi e Gadio.
Eram frequentes as menções a esta constelação na era antiga, pois os platônicos consideravam que as almas dos homens, quando liberadas da corporeidade, subiam aos céus através de suas estrelas, donde ela foi chamada a Porta dos Deuses; sua rota de descida passaria por Câncer.[iii] Mas alguns orientais conheciam-na como Porta Sul do Sol, bem como os latinos com sua altera Solis Porta. Segundo afirma Sêneca, Berōssōs teria lido nos antigos livros de Sargão [2] que o mundo seria destruído por grande conflagração quando todos os planetas se encontrassem neste signo.
Numa Pompílio, o segundo rei mítico de Roma, cujos dias foram estimados entre 715 e 673 aC, iniciava o ano quando o Sol se encontrasse no meio de Capricórnio e quando a duração do período claro do dia se prolongasse por mais meia hora após o solstício de inverno.
Capricórnio e Aquário, nos atlas de Flamsteed (esquerda) e Jamieson (direita). |
Na astrologia, com Touro e Virgem, formava o Trígono de Terra, e o preto, o castanho-avermelhado e o castanho escuro eram consideradas suas cores; enquanto, juntamente com Aquário, compunha o Domicílio de Saturno, pois acreditava-se que este planeta fora criado nesta constelação e quando aí se encontrasse teria grande influência sobre os homens; como Alcabitius afirmou no Ysagogicus de 1485, caput et pedes habet;[iv] e ele sempre governava as coxas e os joelhos. Também se considerava que ele estivesse sob os cuidados da deusa Vesta, e portanto Vestae Sidus (Constelação de Vesta). Ampélio particularmente o associou ao ardente Auster, o vento sul, e Manílio afirmou que ele regia sobre a França, Alemanha e Espanha; em tempos posteriores, sobre a Grécia, Índia, Macedônia e Trácia, Brandemburgo e Mecklemburgo, Saxônia e Vilnius, México e Oxford. Além da epígrafe deste capítulo, sobre esta constelação Manílio também escreveu que
ele é que brilhou, próspero, sobre o nascimento de Augusto. [v]
O Almanaque de 1386 trazia: “Whoso is borne in Capcorn schal be ryche and wel lufyd”;[vi] em 1542, Arcandum, um renomado doutor astrológico, publicou que um homem nascido sob este signo seria muito galante, teria oito doenças especiais e morreria aos sessenta anos; e, segundo Smyth, era “a queridinha dentre todas as constelações para os astrólogos, tendo sido o signo afortunado sob o qual Augusto e Vespasiano nasceram”,[vii] embora noutras páginas, de um modo um tanto rude, ele cite: “próspero em bestas maçantes e quadradas”.[viii] Também parece ter sido muito favoravelmente considerado pelos arábios, como pode ser visto nos nomes que eles deram as suas principais estrelas e no caráter que atribuíram às suas mansões lunares. Mas essas qualidades benignas eram apenas acidentais, causadas provavelmente por alguma combinação de sorte com um sinal afortunado, pois eram conhecidas apenas pelos iniciados, pois sua reputação geral era o oposto; e, nos dias clássicos, quando coincidia com o Sol, era tido como anunciador de tempestades e, portanto, governante das águas, — daí o verso de Horácio:
tyrannus Hesperiae Capricornus undae.[ix]
Arato claramente havia mostrado isso muito tempo antes:
mais à frente e abaixo, está o Capricórnio,
onde o vigoroso Sol faz a volta.
Naquele mês, não te banhes no mar,
ao dispores do pélago aberto! (…)
Os penosos Notos então se arrojam,
quando em Capricórnio entra o Sol:
nesse momento, o frio que vem de Zeus
é mais cruel ao enregelado marinheiro. [x]
Ovídio expressou quase a mesma opinião em relação à história de Acoetes;[xi] mas eras antes deles, isso parece que já era afirmado sobre ele nas tabuinhas do Eufrates.
Caesius e Postel tinham autoridade para identificá-lo com Azazel, o Bode Expiatório do Levítico;[xii] embora Caesius também o associe a Simão Zelote, o apóstolo. Suetônio, em seu Vidas dos Doze Césares, e Spanheim em seu De Nummis, afirmaram que Capricórnio era representado nas moedas de prata do imperador Augusto, comemorando o fato de ser seu signo natal;[xiii] e sempre foi considerado na astrologia como a Mansão dos Reis. Ele também foi visto numa moeda encontrada em Kent, cunhada pelo príncipe britão Amminius, e era a figura zodiacal mais comumente usada em amuletos uranográficos dos séculos XIV e XV, usados “como um tipo de armadura defensiva astral”.[xiv]
Capricórnio, na Uranometria de Bayer |
Rabinos judeus afirmaram que a tribo de Naftali adotou esse signo como o emblema de seu estandarte, — “Naftali é uma gazela solta”,[xvii] — como se Capricórnio fosse um cervo ou antílope; outros o atribuíram a Benjamin, ou a Rubem; mas Aquário representava mais adequadamente o último.
Alguns conectam o signo na astronomia egípcia com Quenúbis, Quenum, Khnum, Khnemu, Gnoum ou Knum, o Deus das Águas, associado à cheia do Nilo e adorado em Elefantina junto às cataratas, representado com chifres de cabra, e não de carneiro.[xviii] Outros afirmaram que ele era o deus-cabra Banebdjedet de Mendes;[xix] e Lalande citou o estranho título Oxirinque [xx] do adjetivo grego descritivo de um Peixe-Espada, que foi eventualmente usado para representar esta constelação, a qual consideravam a causa das cheias. No Egito copta, ele era Ὁπέυτυς, Brachium Sacrificii; e Agnes Clerke afirmou que ele era representado naquela nação como um Espelho emblemático da vida. [xxi]
Capricórnio, nas Tábuas Afonsinas. |
Ele era o Búfalo ou Vaca da astrologia chinesa, que posteriormente se tornou Mó Jié, a Cabra. Williams afirmou que, com estrelas de Sagitário, ele era Xīng Jì, o Registro Estelar, e, com parte de Aquário, Yuán È; já nas épocas mais remotas, com Aquário e Sagitário, ele era o Guerreiro Negro, o nome dado à divisão mais ao norte dentre as quatro grandes partições zodiacais. Flammarion assegurou que os astrônomos chineses observaram entre suas estrelas uma conjunção de cinco planetas em 2449 aC.
Sayce, Bosanquet e outros acreditaram tê-lo corretamente identificado com o Munakha [xxiii] assírio, também uma Cabra-Peixe; e outros nomes prováveis seriam Shah ou Shahu, o Íbex, e Niru, o Jugo, este último talvez bem popular. Brown atribuiu-lhe o acadiano Su-tul de mesmo significado; e outro possível título, similar ao antigo hindu, era Makhar, também reivindicado para o Golfinho. Ele igualmente parece ter sido conhecido como Barca Dupla. Jensen era de opinião que “o Ia Oannes anfíbio do Golfo Pérsico estava ligado à constelação de Capricórnio”;[xxiv] Sayce apontou que uma inscrição cuneiforme o designa como o Pai da Luz — um título que, astronomicamente considerado, não poderia estar correto, exceto cerca de 15000 anos atrás, quando o Sol nela se encontrava no solstício de verão; que “a cabra era sagrada e exaltada neste signo”;[xxv] e que um manto de pele de cabra era o vestido sagrado dos sacerdotes da Babilônia. Tal que, embora não saibamos quando o Capricórnio incorporado ao zodíaco, podemos estar seguros de que isso foi há milênios atrás, talvez em dias pré-históricos.[xxvi] Ele foi identificado com o décimo mês assírio Dhabitu,[xxvii] correspondente a dezembro–janeiro.
Seu símbolo, ♑, usualmente é interpretado como uma ligatura de τρ, as letras iniciais de τράγος, Cabra, mas Lalande afirmou que ele representa a cauda torcida da criatura; e Brown similarmente o classificou como “uma representação convencional de uma cabra com rabo de peixe”.[xxviii] De fato, ele não é muito diferente do contorno de suas estrelas em um globo celeste.
Atualmente, o Sol se encontra nessa constelação entre 20 de janeiro e 17 de fevereiro, quando, como escreveu Dante no Paraíso,
o sol tocado pelas pontas está da Cabra bela; [xxix]
e Milton menciona a baixa elevação do sol durante essa época do ano:
Daí desce determinado
. . .
Até tão baixo quanto Capricórnio. [xxx]
O nome Trópico de Capricórnio, motivado pelo fato que o solstício invernal no hemisfério norte ocorria quando o Sol ingressava o Capricórnio, à época em que os primeiros sistemas cartográficos europeus se estabeleceram, atualmente refere-se apenas ao signo e não mais à constelação, posto que esse solstício precessionou cerca de 33 para leste, em direção a Sagitário, a cerca de 0.5° da estrela 4 Sagitarii.
Tirante Câncer, Capricórnio é o mais inconspícuo do zodíaco, e é principalmente digno de nota por conta da multiplicidade de sua lúcida.
Argelander cartografou 45 estrelas visíveis a olho nu dentro de seus limites; e Heis, 63.
α1, Dupla, 3.2 e 4.2, amarela.
α2, Tripla, 3, 11.5 e 11.5, amarelo pálido, cinzenta e lilás.
Estas são as Prima e Secunda Giedi, ou simplesmente Algedi, do título arábio desta constelação, al-Jadī. Também aparecem listadas, ocasionalmente, como Algiedi Prima e Secunda. Em 2016, o Working Group for Stellar Nomenclature da União Astronômica Internacional estabeleceu que Algedi passará a ser o nome oficial exclusivamente de α2 Capricorni.
Capricórnio, numa das versões do Livro das Estrelas Fixas, de al-Ṣūfī. |
Brown supôs que α, então vista apenas como uma estrela singular, com β e ν eram conhecidas pelos acadianos como Uz, a Cabra; e como Enzu na astronomia de seus descendentes; enquanto Epping tem sua autoridade reconhecida na afirmação de que esta, ou talvez β, marcava o 26.o asterismo eclíptico dos babilônios, Qarnu Shahū, o Chifre da Cabra. Brown também apontou que α representava o oitavo rei antediluviano Amar Sin, — Ἀμέμψινος.[xxxiii]
À época de Hiparco, as duas alfas estavam separadas por 4′, e não foi senão aos dias de Bayer que elas se tinham afastado suficientemente uma da outra para serem facilmente perceptíveis a olho nu. Atualmente sua separação é de 0.11° e esta aumenta em 7″ a cada século.
Smyth descreveu uma companheira azul de α2, separada por coisa de minuto, que ele flagrou em “lampejos levemente evanescentes, tão transientes que lembravam os flocos de neve num rio, de Burns”;[xxxiv] e mencionou a sugestão de Sir John Herschell de que ela talvez brilhasse por luz refletida.[xxxv] Em 1862, Alvan G. Clark descobriu que essa companheira era dupla, atualmente separadas por menos de um segundo de arco.
β1 e β2 , 2.5 e 6, ambas duplas, laranja amarelado e azul celeste.
Dabih Major e Dabih Minor são os nomes clássicos desta estrela assim chamada dupla, mas ao telescópio múltipla, tomados do título do manzil do qual, com α, elas faziam parte. Em 2016, o Working Group for Stellar Nomenclature da União Astronômica Internacional estabeleceu que Dabih passará a ser o nome oficial da estrela primária do par β1 Capricorni, a qual também designada como Beta Capricorni Aa.
Estas betas, com α, ν, ξ, ο, π, e ρ mais distante para o sul, formavam o 9.o xiù da China,[xxxvi] Niú, o Boi, — no passado Ngu, ou Gu, — sendo elas próprias as determinantes. O asterismo lunar estava de alguma forma intimamente ligado em um culto religioso à criação do bicho da seda naquele país.
As duas estrelas marcam a cabeça da Cabra, estando as componentes 3.5′ distantes uma da outra e sendo ambas, por sua vez, binárias próximas. A duplicidade de β1 foi reconhecida pela primeira vez em 1883 por Barnard por seu comportamento durante uma ocultação pela lua. Essa descoberta foi logo verificada e medida por Young, Hough e outros observadores.
γ, 3.8.
Nashira vem de al-Saʿd al-Nāshirah, a Boa Fortuna do Anunciador ou o Anunciador de Boas Novas, que os antigos árabes aplicaram a esta estrela quando tomada em conjunto com δ. Smyth anotou-a como Saʼdubnáshirah; e o Standard Dictionary repetiu-o como Saibʼ Nasch-rú-ah!
Bayer trazia o tardio Deneb Algedi, a Cauda da Cabra, que é mais próprio a δ; as Tábuas Afonsinas de 1521, Denebalchedi, que se degenerou para Scheddi; e o belíssimo mural estelar de Ferdinand Reuter, Deneb Algethi; mas este é errôneo e provém de uma confusão com o título arábio para a constelação de Hércules.
γ marca o 27.o asterismo eclíptico babilônico, Mahar sha hi-na Shahū, a Ocidental na Cauda da Cabra.
Com δ, ε, κ, e estrelas em Aquário e nos Peixes, formava o asterismo chinês Lěi Bì Zhèn, a Linha de Baluartes. γ e δ também eram curiosamente chamadas Kū Xīng, Estrelas do Pranto.
δ, 3.1.
Deneb Algedi é a transcrição que o tradutor de Ulugh Beg deu a al-Dhanab al-Jadī, a Cauda da Cabra; mudada para Scheddi em algumas listas, — um nome também usado para γ. Assim como as duas lúcidas da constelação, δ é um sistema múltiplo que compreende uma binária eclipsante (Delta Capricorni Aa e Ab) e duas companheiras de menor massa (Delta Capricorni B e C). Em 2016, o Working Group for Stellar Nomenclature da União Astronômica Internacional estabeleceu que Deneb Algedi é o nome oficial da estrela primária desse sistema, isto é, Delta Capricorni Aa.
Ideler diz que essas estrelas eram al-Muḥibbayn, os Dois Amigos, um título arábico alegórico para dois objetos fortemente associados; mas Beigel difere nisto, lendo al-Muḥanayn, as Duas Estrelas Torcidas, — na dobra da cauda, — pois, segundo ele, “questões morais são estranhas ao céu dos nômades”.[xxxvii]
Ela marca o 28.o asterismo eclíptico babilônico, Arkat sha hi-na Shahū, a Oriental na Cauda da Cabra.
5° para leste está o ponto anunciado por Le Verrier [3] em que se encontraria seu novo planeta previsto, — Netuno, — onde Galle, primeiro assistente do célebre Encke no Observatório de Berlim, sob as instruções de Le Verrier, visualmente o descobriu em 23 de setembro de 1846. Bouvard em 1821 já tinha suspeitado de sua existência, e ele chegou a ser observado seis vezes antes de sua descoberta, na França e na Inglaterra, mas sem que sua natureza fosse conhecida.
ε, 4.6
ostenta em algumas listas modernas o nome Castra ou Kastra, do latim Castrum, um forte ou acampamento militar. Esse nome não é muito difundido e não se conhece sua motivação, mas talvez tenha relação com o asterismo chinês Lěi Bì Zhèn, a Linha de Baluartes, do qual ε fazia parte.
η, 4.8.
Em algumas listas, esta estrela apresenta o nome não oficial Armus, provavelmente do latim armus, ombro ou quartos dianteiros de um animal.
Na China, era conhecida como Zhōu Yī, a Primeira Estrela de Zhōu, nome de um estado feudal.
θ, 4.0.
Algumas vezes é chamada de Dorsum, da palavra latina para o dorso do animal. Mas este nome não foi ainda oficializado. Ela também foi conhecida como Qín Yī, a Primeira Estrela de Qín, nome de um estado feudal da China.
Esta estrela situa-se tão próxima à eclíptica, que é quase ocultada pelo Sol por volta do dia 3 de fevereiro, sendo observável por trás da coroa solar caso ocorra um eclipse total nesse dia.
ν, 4.7,
é Alshat — de al-Shāt em Qazwīnī,— a Ovelha, que estava destinada a ser sacrificada pelas adjacentes Dhābiḥ, as estrelas β.
Shí Èr Guó era o nome de um asterismo chinês que Doze Reinos querelantes de um período histórico da China. Várias estrelas de 4.a e 5.a magnitude que o compunham eram nomeadas segundo um desses reinos. As estrelas ζ, φ, χ, 19, 20, 33, 35 e 36 Capricorni tinham os respectivos nomes Yān, Chǔ, Qí, Yuè, Zhèng, Wèi, Hán e Jìn, denominações de antigos estados feudais da China. A estrela ι Capricorni era Dài Yī, a Primeira Estrela do estado feudal Dài.
π, 5.1, é chamada Okul ou Oculus, olho em latim, por situar-se nesse local da figura. E ρ também pode ostentar o nome Bos, boi em latim, provavelmente uma alusão ao xiù Niú (Boi), do qual ela fazia parte. Em ambos os casos são nomes não oficiais, que parecem ter sido cunhados mais recentemente.
λ, 5.4, com outras próximas, formavam Tiān Lěi Chéng, o Baluarte Celestial; e μ, 5.24, era Kū, o Pranto. λ e μ marcam o extremo da cauda da figura.
υ, 5.3, era parte do asterismo Luó Yàn, a Rede de Diques; ψ, 4.3, era uma das estrelas de Tiān Tián, a Fazenda Celestial; mesmo as estrelas de 5.a magnitude A e m Capricorni tinham, respectivamente, os nomes Tiān Tián Sān (Terceira Estrela da Fazenda Celestial) e Zhào Èr (Segunda Estrela de Zhào).[xxxviii]
Bayer anotou A, b e c como Tres ultimae Deneb Algedi (Três Últimas da Cauda da Cabra); mas Heis pôs A no antebraço dianteiro, b na barriga, e c — a 46 de Flamsteed — fora e além da cauda, nas costelas do Aquário, mostrando assim uma mudança em sua representação figurada nos últimos três séculos.
Notas de Rodapé (do texto original)
[1] A palavra árabe Burj significa tanto Constelação, quanto Torre ou Fortaleza.
[2] Este Sargão era considerado o fundador quase mítico do primeiro império semita, por volta de 3850 aC, mas inscrições desenterradas em Nuffar e decifradas em 1896 em Constantinopla pelo professor Herman V. Hilprecht, da Universidade da Pensilvânia, evidenciaram que a Babilônia era um reino importante pelo menos três ou quatro milênios antes dele. A obra astronômica de Sargão, Namar-Beli (a Iluminação de Bel), em 72 livros, foi compilada pelos sacerdotes desse deus e traduzida para o grego por Berōssōs cerca de 260 aC. Fragmentos desta última obra ainda existem.
[3] Flammarion, que era íntimo de Le Verrier, acreditava que este nunca tivesse tido a curiosidade de observar seu planeta através do telescópio, estranhamente satisfeito com sua conquista matemática! E é interessante saber que Galle, em seu 85.o aniversário, em 1896 recebeu as congratulações da comunidade astronômica mundial pelos 50 anos da descoberta de Netuno.
Notas Explicativas da Tradução
[i] Excerto dos vv. 264-266 do Livro IV, do Astronomicon de Manílio. Tradução de Marcelo Vieira Fernandes (in Manílio — Astronômicas: Tradução, Introdução e Notas, Dissertação de Mestrado, PPG Letras Clássicas, Universidade de São Paulo, 2006). Compare com o texto latino: “(…) brumalem servans per saecula sortem, / qua retrahis ductas summa ad fastigia noctes / nascentemque facis revocatis lucibus annum”. Allen usou a tradução versificada feita por Thomas Creech que não corresponde estritamente ao original grego devido às demandas da versificação: “Thy Cold (for thou o’er Winter Signs dost reign, / Pull’st back the Sun, and send’st us Day again) / Makes Brokers Rich, (...)” (Teu frio — pois reinas sobre os Signos do Inverno, / Trazes de volta o Sol, e nos envias ao dia novamente — / Enriquece os corretores). A alusão às noites mais longas e aos dias luminosos é uma referência ao Solstício de Inverno e ao Trópico de Capricórnio.
[ii] Menção à tribo de Gade (ou Gad), que era uma das doze tribos de Israel.
[iii] Veja a nota [iv] em Cancer.
[iv] Apud The Bedford Catalogue, pg. 474, de William H. Smyth. “Caput et pedes habet”, isto é, influenciaria a cabeça e os pés.
[v] Excerto dos vv. 524 do Livro II, do Astronomicon de Manílio. Tradução de Marcelo Vieira Fernandes (in Manílio — Astronômicas: Tradução, Introdução e Notas, Dissertação de Mestrado, PPG Letras Clássicas, Universidade de São Paulo, 2006). Compare com o texto latino: “in Augusti felix cum fulserit ortum?”. Allen usou a tradução versificada feita por Thomas Creech que não corresponde estritamente ao original grego devido às demandas da versificação: “at Caesar’s Birth Serene he shone” (Ele brilhou sereno no nascimento de César). Há uma longa controvérsia entre historiadores e antigos astrônomos acerca dessa afirmação — também presente em Suetônio —, uma vez que Augusto teria nascido em setembro, de modo que sua carta natal não teria o Sol em Capricórnio, como o verso parece sugerir. Vários tentaram conciliar isto, a começar por Scaliger, ora considerando que a mãe de Augusto fora fecundada quando o Sol estava em Capricórnio, ou que este deveria ser o signo ascendente no momento do nascimento, embora atualmente se considera que fosse o signo lunar de Augusto. Ver Tamsyn Barton, 1995, in Augustus and Capricorn: Astrological Polyvalency and Imperial Rhetoric, The Journal of Roman Studies, Vol. 85, pp. 33-51; e P. J. Connor, 1985, in Tyrannus Hesperiae Capricornus Undae, Latomus,44, no. 4, pp. 836-840.
[vi] Em tradução aproximada: “aquele que nascer sob Capricórnio será rico e bem amado”.
[vii] Apud Smyth, W. H. 1844, A Cycle of Celestial Objects, Londres: John W. Parker, pg. 473. Note que nesta citação Arcandum repete a falsa história de que Augusto nasceu quando o Sol se encontrava em Capricórnio; veja a nota [v] acima.
[viii] Apud Smyth, W. H. 1844, A Cycle of Celestial Objects, Londres: John W. Parker, pg. 474. Smyth informa que a crítica de Arcandum às “bestas maçantes e quadradas (ou pesadas)” nascidas sob Capricórnio pareciam destinadas justamente a Augusto e Vespasiano.
[ix] Verso 17 da Ode II, das Odes de Horácio. Em tradução aproximada: “Capricórnio, tirano das ondas de Hespéria”. Alguns interpretam Hespéria como uma referência às terras mais ocidentais da Europa; nesse caso, a tradução mais conceitual seria “Capricórnio, tirano nas ondas do ocidente”.
[x] Excerto dos vv. 285-294 dos Fenômenos de Arato. A tradução ao português é de Luciana Malacarne em Arato, Fenômenos (Cadernos de Tradução, 38, jan-jun, 2016, org. Bacarat Jr., J. C., Porto Alegre: Instituto de Letras da UFRGS). Omiti uns poucos versos intermediários nessa estrofe para que o conjunto se parecesse mais com aqueles citados por Allen: “Then grievous blasts / Break southward on the sea, when coincide / The Goat and sun; and then a heaven-sent cold”, provenientes da tradução metrificada de Robert Brown Jr.. Os versos originais em grego são: “(…) αὐτὰρ ὅ γε πρότερος καὶ νειόθι μᾶλλον / κέκλιται αἰγόκερως, ἵνα τε τρέπετ᾽ ἠελίου ἴς. / μὴ κείνῳ ἐνὶ μηνὶ περικλύζοιο θαλάσσῃ / πεπταμένῳ πελάγει κεχρημένος. οὔτε κεν ἠοῖ / πολλὴν πειρήνειας, ἐπεὶ ταχινώταταί εἰσιν: /οὔτ᾽ ἄν τοι νυκτὸς πεφοβημένῳ ἐγγύθεν ἠὼς / ἔλθοι καὶ μάλα πολλὰ βοωμένῳ. οἱ δ᾽ ἀλεγεινοὶ / τῆμος ἐπιρρήσσουσι νότοι, ὁπότ᾽ Αἰγοκερῆϊ / συμφέρετ᾽ ἠέλιος: τότε δέ κρύος ἐκ Διός ἐστιν / ναύτῃ μαλκιόωντι κακώτερον. (...)”. Compare com a tradução versificada feita por J. Lamb: “Before him Capricorn — of monster kind — / In front a goat — a scaly fish behind. / Down to his realms each year the Sun descends: / Returning thence with strength renew’d ascends. / Hapless the mariners, who rashly brave, / Or fates compel to tempt, the wintry wave”; e com a tradução livre de A. W. Mair e G. R. Loeb: “He is behind Aegoceros [Capricorn], who is set in front and further down, where the mighty Sun turns. In that month use not the open sea lest thou be engulfed in the waves. Neither in the dawn canst thou accomplish a far journey, for fast to evening sped the dawns; nor at night amid they fears will the dawn draw earlier near, though loud and instant be thy cry. Grievous then is the crashing swoop of the South winds when the Sun joins Aegoceros, and then is the frost from heaven hard on the benumbed sailor”.
[xi] Trata-se de uma referência à Fábula VIII, Livro III, nas Metamorfoses de Ovídio. Acoetes é um marinheiro que reconhece a real identidade de Baco, raptado enquanto dormia, sob a forma de um jovem e belo menino, por seus companheiros de navio. Ao acordar, Baco pede que o levassem de volta, mas os marinheiros se recusam. Baco então se mostra com todo o seu poder e pune os raptores, transformando-os em golfinhos. Nesta fábula à uma alusão à chuva associada à Cabra Olênia, isto é, Amalteia. Pode ser uma alusão ao Capricórnio, embora muito mais provavelmente à Cabra do Cocheiro, pois o verso original diz “et Oleniae sidus pluviale capellae” (v. 594).
[xii] Levítico, XVI: 20-22.
[xiii] Augusto parecia ostensivamente promover sua associação com Capricórnio, por considerar que isso o imbuía de uma missão mais árdua e nobre, pois é em Capricórnio que o Sol reverte seu movimento de declinação decrescente e passa a migrar para o Equador, como se iniciasse assim uma nova era de prosperidade. Sobre a polêmica acerca do signo solar de Augusto, ver a nota [v] acima.
[xiv] Não consegui identificar a referência original da citação entre aspas. No texto de Allen, o original corresponde a “worn as a kind of astral defensive armor”.
[xv] O próprio Ptolomeu usava essa nomenclatura para os signos, os quais dividia em positivo (ou masculino e diurno) e negativo (ou feminino e noturno). Em ordem crescente, os signos ímpares seriam masculinos e diurnos (Áries, Gêmeos, Leão, Libra, Sagitário, Aquário), enquanto os pares seriam femininos e noturnos (Touro, Câncer, Virgem, Escorpião, Capricórnio, Peixes).
[xvi] In Glossary of Greek Birds, Thompson, D. W. 1895, Oxford: Clarendon Press, pg. 64. No original: “an ibis-headed man rides on Capricornus, under which sign Sirius rose anti-heliacally”.
[xvii] Referência a Gênesis 49:21. A tradução ao português provém da versão Almeida Corrigida Fiel. No original citado por Allen: “Naphtali is a hind let loose”.
[xviii] A representação clássica de Quenúbis é a de um homem com cabeça de carneiro. Allen baseia-se em terceiros para afirmar que em Elefantina, Quenúbis era representado com chifres caprinos.
[xix] Mendes era o nome grego da antiga cidade egípcia de Djedet, situada no Delta do Nilo. As duas principais divindades de Mendes eram Banebdjedet, um deus com cabeça e chifre de carneiro, e sua esposa Hatmehit, que tinha a forma de peixe. Heródoto, contudo, representou Banebdjedet com chifres de cabra. A associação deste com Capricórnio pode ter sido imaginada pelo casamento do deus ovino/caprino com a esposa pisciforme. No texto original, Allen confundiu o nome da cidade (Mendes) com o do deus, usando Mendes como um dos nomes de Capricórnio.
[xx] O nome ὀξῠ́ρρῠγχος designava um tipo de peixe egípcio similar ao esturjão. A rigor, Lalande não afirmou que o nome Orixinque fosse usado como um título para Capricórnio, mas sim que o peixe celebrado pelos egípcios como emblema dessa constelação era aquele de nome Orixinque, que Plutarco designou acuto rostro. É interessante citar textualmente os parágrafos em que Lalande discute sobre isso, pois ele pretende explicar o motivo pelo qual Capricórnio por vezes é representado unicamente como Cabra ou por um Peixe — seria originalmente um emblema duplo, que nos chegou fundido como uma quimera, mas noutros locais se fixou num ou noutro animal do emblema: “Nous trouvons dans notre nouvelle hypothese un sécond avantage; celui de pouvoir expliquer pourquoi dans toutes les spheres anciennes le Capricorne est représenté, ou uni à un poisson, ou terminé par un poisson. Ce Capricorne, demi-poisson, annonçoit le débordement du Nil, qui commençoit sous ce signe. La réunion du corps du Capricorne, avec celui du poisson, n’est que des siecles postérieurs, & nous vient des Calendriers sacrés, ou des Calendriers des Génies, dans lesquels ces réunions monstrueuses étoient familieres; mais dans le Calendrier rural ou primitif, on peignit un double symbole, un Capricorne & un Poisson. C’est sous cette forme qu’on le trouve dans un Planisphere Indien, imprimé dans les Transactions Philosophiques de 1772, planisphere qui remonte à la plus haute antiquité. L’idée du débordement, si intéressant pour le peuple Egyptien, & conséquemment celle du poisson symbolique, semble même avoir fait oublier le Capricorne, ou l’emblème solstitial; de manière que les Indiens, en recevant cette Astronomie, ont conservé la dénomination de poisson à l'astérisme du Capricorne; ils l’appellent Macaram, nom d'une espece de poisson. M. le Gentil croit appercevoir ici une différence entre le Zodiaque Indien & l’Egyptien. Je n’ai, dit-il, remarqué de différence bien réelle entre leur Zodiaque & celui des Egyptiens, que dans le Capricorne, que les Brames n’ont point. Le mot Macaram de la langue Brame, qui répond au Capricorne, signifie poisson (Voy. aux Indes, T. I., p. 247); & effectivement, M. le Gentil, en nous donnant le nom des douze signes dans la langue des Brames, traduit Macaram par espece de poisson; mais dans le Zodiaque Indien, l’on trouve le Capricorne, aussi bien que le Poisson; ainsi cette différence n’est qu’apparente; & comme nous avons retenu le nom du Capricorne, & oublié le Poisson; les Brames ont retenu le nom du Poisson, & oublié le Capricorne, quoique ces deux emblêmes eussent été inséparablement unis dans l’origine, & placés dans la division où nos spheres peignent le Capricorne amphibie; souvent même les Perses l’appellent comme nous, Capricorne, en Pelhvi Nahi, suivant M. Anquetil; d’autres l’on peint amphibie Capricornus eſt διφνες & διμορφον nam pars Caper eſt, pars piscis (Scaliger in apoteleſm. Manilii, in Lib. IV, v. 254). Je dis plus; le nom de Macaram n’est point un nom de la langue Brame; c’est un nom Grec altéré par les Brames; en voici la preuve: le Poisson qui est uni au Capricorne est celui que les Egyptiens honoroient sous le nom d’Oxirinque, ou le poisson, comme dit Plutarque, acuto rostro. C’est lui, qui, en Egypte, étoit regardé comme le génie précurseur des eaux, & la cause du débordement, comme on peut le voir dans ma première lettre” (in Lalande, J. F. de, 1771, Astronomie, Paris: Desaint, pp; 363-364).
[xxi] Não consegui localizar a citação inicial de Agnes Clerke sobre isso e não creio que ela ou Allen tenham sido muito claros acerca dessa afirmação. Allen escreveu a frase como: “Miss Clerke says that it was figured in that country as a Mirror, emblematic of life”.
[xxii] Makara (मकर) é uma criatura aquática lendária da mitologia hindu, geralmente representada com o dorso e cabeça de um animal terrestre e as partes inferiores de um animal aquático. Era considerado o equivalente hindu do Capricórnio. Veja a nota [xx] acima sobre a opinião de Lalande acerca do nome Macaram, que Le Gentil traduziu como “uma espécie de peixe”.
[xxiii] Allen escreveu Munaχa, sendo o penúltimo caractere a letra grega χ, provavelmente usada para representar o fonema /kʰ/.
[xxiv] Não consegui identificar a referência original da citação entre aspas. No texto de Allen, o original corresponde a “the amphibious Ia Oannes of the Persian Gulf was connected with the constellation Capricornus”. Ia Oannes é uma forma desusada para Ea Uanna, a rigor duas figuras mitológicas acadianas que por vezes se confundem, uma vez que ambas tinham metade do corpo sob a forma de um peixe. Ea é o nome acadiano de Enki, deus sumério da água, do conhecimento e da criação, entre outros atributos, cujo símbolo era uma Cabra-Peixe. Uanna (em grego, Oannes) é o nome pelo qual era conhecido o primeiro sábio homem-peixe enviado pelos deuses para ensinar o conhecimento aos seres humanos.
[xxv] Não consegui identificar a referência original da citação entre aspas. No texto de Allen, o original corresponde a “the goat was sacred and exalted into this sign”.
[xxvi] Todas as afirmações de Allen sobre a formação de constelações em escalas de tempo superiores a 5000 anos atrás devem ser tomadas com absoluta ressalva, devido à inexistência de registros claramente astronômicos dessa época.
[xxvii] Também chamado, em algumas fontes, de Tebitum, Tebetum ou Tebetu.
[xxviii] Não consegui identificar a referência original da citação entre aspas. No texto de Allen, o original corresponde a “a conventional representation of a fish-tailed goat”.
[xxix] Excerto dos vv. 68-69 do Canto XXVII do Paraíso em A Divina Comédia de Dante. Allen usou a tradução inglesa de Longfellow, que é um pouco mais clara: “(…) The horn / of the celestial goat doth touch the sun”. A tradução apresentada em português é de José Pedro Xavier Pinheiro. No original, em italiano: “(…) ’l corno / de la capra del ciel col sol si tocca”.
[xxx] Excerto dos vv. 675 e 677, Livro X de Paraíso Perdido, de Milton. Tradução aproximada nossa. Os mesmos versos foram citados em uma estrofe maior no início do livro (ver nota [ix] em Zodíaco Solar), mas na tradução de António José de Lima Leitão, que desta vez não foi usada porque não mantinha o sentido específico apontado por Allen nessa passagem. No original: “(...) thence down amain / (...) / As deep as Capricorn, (...)”.
[xxxi] Allen escreveu al-Jabbah (جبّة), talvez de um erro de transcrição, pois Testa é al-Jabhah (جبهة).
[xxxii] Para Allen, trata-se do 20.o manzil. Veja a nota [xv] em Andromeda.
[xxxiii] Há erros nessa sentença, provavelmente originários do conhecimento ainda incipiente dos textos sumérios à época de Allen. Segundo o original, Amar Sin seria o oitavo rei antediluviano, também conhecido como Ἀμέμψινος. Nas listas atuais, Ἀμέμψινος é o nome grego atribuído ao sexto rei antediluviano, En-sipad-zid-ana. Já Amir-Sin é o nome de um rei histórico da Terceira Dinastia de Ur, que teria reinado por volta de 2046–2038 aC. Como a declaração de Brown possui três informações mutuamente excludentes entre si, deixei-a traduzida textualmente pois ignoro qual das três informações seria a mais próxima aos dados que ele dispunha.
[xxxiv] Citação a Smyth, W. H. 1844, A Cycle of Celestial Objects, Londres: John W. Parker, pg. 472. No original: “in little evanescent flashes, so transient as again to recall Burns's snow-flakes on a stream”. Há aqui uma referência ao poeta escocês Robert Burns e a seus versos no poema Tam o’ Shanter: “But pleasures are like poppies spread, / You seize the flower, it's bloom is shed; / Or, like the snow-fall in the river, / A moment white, then melts forever”. A cor azulada, descrita por Smyth, é muito mais fruto de sua impressão visual do que uma medida do índice de cor da estrela.
[xxxv] A hipótese de Herschell não faz sentido, mas a frase foi mantida na tradução por fazer parte do raciocínio de Smyth. Só recentemente corpos celestes sem luz própria ao redor de estrelas — isto é, exoplanetas, que brilhariam por luz refletida — puderam finalmente ser observados; à época de Herschell seria impossível encontrá-los.
[xxxvi] Para Allen, é o 20.o xiù (veja a nota [xii] em Andromeda, sobre a renumeração dos xiù em Allen).
[xxxvii] Apud Ideler, Untersuchungen über den Ursprung und die Bedentung der Sternnamen, pg. 193. A citação original está em alemão, e foi traduzida por Allen deste parágrafo mais extenso: “moralische Wesen sind dem nomadischen Himmel fremd. Ich lese المحنين, El-muhhanain, duae stellae flexae, i.e. in flexura caudae positae, von حنا, hhanâ, deflexit”.
[xxxviii] Allen fornece os nomes Tsoo, Tsin e Chaou — nas grafias modernas, Chǔ, Jìn e Zhào — para as estrelas A, b e m Capricorni (as quais na nomenclatura Flamsteed são conhecidas como 24, 36 e 27 Capricorni, respectivamente). Em listas hodiernas, a partir de um trabalho exaustivo de identificação dos asterismos celestes, esses nomes são atribuídos a outras estrelas próximas.
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